Aí vem outro ano lectivo, e com ele a adaptação a novas rotinas depois de quase três meses de férias.
Como lidar com a ansiedade do regresso às aulas?
Se para algumas crianças e jovens o início de um novo ano lectivo traz uma inquietação normal – de saber quem são os professores, de rever os colegas, de escolher o material, etc. – para outros esta época traz muito mais que isso: traz uma grande ansiedade e muitos medos.
A passagem para o 1º ciclo representa várias mudanças para as crianças.
Designadamente, ela significa a transição de um local no qual passam a maior parte do tempo a brincar para outro em que têm de estar concentradas, sentadas e sossegadas por algumas horas, tomando atenção ao que o professor diz e tendo que memorizar e “arrumar” toda a informação.
A esta transição podem estar associadas algumas dificuldades de adaptação.
Cada criança tem o seu ritmo, e se há crianças que se adaptam facilmente a este novo registo, outras apresentam maiores dificuldades, podendo até revelar ansiedade, que se pode manifestar na recusa em ir à escola, em pesadelos, em deixar de comer ou passar a comer excessivamente, no choro fácil e birras frequentes ou, ao domingo à noite, no despoletar de dores de barriga e dificuldades em adormecer.
Os pais e a escola têm um papel fundamental numa adaptação tranquila a esta realidade.
Enquanto pais devemos mostrar segurança de que tudo vai correr bem, ajudar na adaptação a rotinas, e aos poucos ir lhes dando autonomia (ex: preparação da mochila ou fazer os trabalhos de casa sozinhos para os pais corrigirem no final).
A existência de uma rotina quando chegam a casa durante a semana, para perceberem quando é para trabalhar e quando devem brincar, ajuda muito, assim como ajuda ter um dia fixo para as tarefas escolares ao fim-de-semana.
Os adultos não deverão eles próprios criar ansiedade com frases como “Agora é que vai ser a sério”; em vez disso poderão valorizar as coisas positivas relacionadas com a entrada no 1º ano, por exemplo : “Vais aprender a ler e a escrever, e já poderás ajudar-me a fazer as listas das compras e ler as legendas dos filmes”, ou “ Vais fazer novos amigos”.
Ou seja, proporcionar tranquilidade e reforçar positivamente todo o contexto escolar, bem como as novas aprendizagens.
Uma boa comunicação com a escola é fundamental nesta transição para, em conjunto, pais e docentes minimizarem as dificuldades e encontrarem soluções.
A passagem para o 2º ciclo (5º ano) traz também diversas mudanças: mais que um professor; mudança de escola, por vezes para uma escola muito maior em que poderão ter que mudar de salas; escolas com mais alunos e alunos bastante mais velhos, entre outras alterações.
Esta transição poderá também ela estar associada a novos desafios e receios. Nesta fase, uma eventual existência de ansiedade pode manifestar-se através de choro fácil, irritação, dificuldades em adormecer ou acordar muito cedo, queixas de que não têm amigos no recreio e que passam os intervalos sozinhos, comer pouco ou comer muito… ou seja, alterações no comportamento.
Numa fase inicial, os pais devem ajudar as crianças a criar rotinas de trabalho, designadamente na organização dos trabalhos de casa das diversas disciplinas, que deverão ser feitos no próprio dia.
Para além disso deverão apontar todo o material necessário para cada disciplina, fazer a mochila na véspera, e ter na secretária o horário escolar, bem como as datas dos testes, que os pais deverão saber para assim conseguir ajudá-los a definir prioridades.
O estarmos atentos aos sinais e a mudanças de comportamento é crucial para podermos ajudar os nossos filhos.
O reforçar positivamente todas as conquistas, por mais pequenas que sejam, é essencial.
Reforço: o trabalho de parceria entre a família e a escola é fundamental.
Inês Camacho,
Psicóloga clínica e Educacional
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