Como é bem sabido, a utilização de tecnologias como smartphones e redes sociais tem vindo a aumentar vertiginosamente, e a tendência é para que essa utilização se inicie cada vez mais cedo.
Consequentemente têm surgido cada vez mais debates sobre os benefícios e malefícios da sua utilização.
Se, por um lado, temos ao dispor cada vez mais informação e melhores meios para comunicação com os amigos e familiares – e também mais oportunidades de conhecer pessoas diferentes de diversos países e culturas – por outro as crianças e os jovens ficam cada vez mais expostos a estranhos, à possibilidade de se tornarem vítimas de cyberbullying, e à perda da privacidade.
A internet e todas as possibilidades que ela proporciona vieram para ficar.
Não se pode impedir a sua utilização, mas sim aprender a lidar com elas de forma segura.
Para isso é necessário apoiar os pais, os professores, a comunidade, o grupo de pares, e ajudar os próprios jovens e crianças a lidar com os lados positivo e negativo da sua utilização, desenvolvendo competências e estratégias que os ajudem a lidar com esta realidade.
Se, por um lado, não deixamos as crianças brincar na rua com medo do que lhes possa acontecer, por outro temos os nossos filhos diariamente, em casa, em contacto permanente com estranhos através das tecnologias e muitas das vezes colocando em risco a sua privacidade.
Por vezes as crianças e os adolescentes não estão de todo sensibilizados para os perigos da internet. Torna-se imperativo falar do impacto que as tecnologias têm no desenvolvimento da socialização.
Enquanto normalmente os jovens têm amigos que falam através das redes sociais, muitos estão a perder competências sociais, nomeadamente a do confronto verbal, cara-a-cara, pois na maioria dos casos resolvem todas as questões através de mensagens, que são o caminho mais fácil.
É ainda de referir que, pelo facto muitos pais encorajarem as crianças a utilizar as novas tecnologias desde muito cedo, pois assim permanecem mais tempo sossegadas, podemos observar cada vez mais frequentemente famílias inteiras ao telemóvel, por exemplo em restaurantes, quando poderiam passar esse tempo realmente juntos. Qual foi a última vez que foi a um restaurante e viu as crianças sentadas com livros para colorir ou outros jogos, em vez de estarem agarradas ao telemóvel ou ao iPad?
É por isso muito importante monitorizar as horas que as crianças e os jovens passam em contacto com estas tecnologias.
Os nossos filhos recebem muitas solicitações através das tecnologias, o que os torna insaciáveis, querendo tudo para ontem, já, agora – ficando impacientes e ansiosos.
Consequentemente irão ter mais dificuldade em concentrar-se – dificultando o processo de aprendizagem – e em comunicar com os amigos e pais.
A tecnologia existe, continuará a existir, e traz muitas coisas boas; mas deverá ser usada de forma equilibrada para não condicionar o desenvolvimento harmonioso das crianças e dos adolescentes.
Drª Inês Camacho
Psicologia Clínica e Educacional
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