O nariz distingue os cheiros (olfato) e tem uma outra importante missão: a de regular a qualidade do ar que chega aos pulmões, limpando-o, humidificando-o e aquecendo-o. Além destas tarefas, o nariz também influencia o desenvolvimento e a competência de outras estruturas, designadamente os lábios, a língua e o crescimento ósseo do espaço envolvente.
O Modo Respiratório, isto é, por onde entra e sai o ar quando a criança respira, bem como a relação Nariz-Lábios-Língua, são fundamentais na fase de crescimento.
Mas como podemos relacionar estas estruturas?
Os lábios são a “porta” de entrada e saída da cavidade oral, participam nalguns sons da fala e têm por isso que ter controlo de força, coordenação e perícia nos movimentos. A língua é sensível aos estímulos do paladar, tem zonas distintas para diferentes sabores – amargo, ácido, doce, salgado –, possui inervação própria e integra vários músculos, uns que mantêm a forma da língua e regulam diferentes movimentos, e outros que ajudam a estabelecer a sua posição dentro da boca. Cada músculo tem uma função definida e alguns têm ainda ligação com outras estruturas. É assim que conseguimos falar (ponto articulatório) e comer (movimentos de sucção, mastigação e deglutição).
Na criança as alterações do modo respiratório estão frequentemente relacionadas com o congestionamento do nariz ou com a manutenção do mau uso do nariz para respirar. A ausência de corrente aérea na nasofaringe compromete a auto drenagem da trompa de eustáquio que tipicamente favorece a drenagem dos ouvidos, levando a infeções no ouvido. Por outro lado, a boca permanece aberta, o que afeta a qualidade do ar, os lábios tornam-se incompetentes na fala e na alimentação, e a língua mantém-se no “chão“ da boca, tendencialmente “mole” e “preguiçosa”.
Ao longo do desenvolvimento normal, com a maturação dos movimentos a língua deve começar a repousar no céu-da-boca. Esta “nova posição da língua” contribui para o crescimento ósseo maxilar e ajuda a preparar o espaço para o nascimento de novos dentes. Se a criança usa a boca para respirar, a língua não irá conseguir servir de “fôrma” neste processo, havendo necessidade, mais tarde, do uso de aparelhos ortodônticos para expansão do palato.
Finalmente a respiração oral leva a alterações de postura corporal e qualidade do sono.
O que devo fazer?
CONSULTA DO RESPIRADOR ORAL
Olha, sente e cheira!
Na consulta de Terapia Miofuncional na Clínica Kids&Teens procedemos à reeducação da respiração.
A criança brinca com o nariz, ficando a conhecê-lo por dentro e por fora e a entender a sua utilidade.
Aprende a importância do nariz e valoriza as suas funções. Só depois de olhar, sentir e cheirar é que a criança vai aderir a uma limpeza eficaz, com uma manobra orientada e diária, que é muitas vezes suficiente para resolver a situação e evitar o agravamento de outros problemas. Assim, e a par deste trabalho, são também equilibradas as forças e os movimentos musculares orofaciais com exercícios específicos.
No caso do congestionamento nasal permanente é necessário o diagnóstico do médico, para despiste do tipo de obstrução – anterior ou posterior – e a sua causa. Em muitos casos o pediatra da criança, de acordo com a sua avaliação, faz o encaminhamento conveniente neste processo.
Durante o desenvolvimento, o uso do nariz na função respiratória promove um equilíbrio muscular e um crescimento ósseo adequados, possibilitando uma respiração eficiente.
M.ROSÁRIO MAGALHÃES VIEIRA
Terapeuta da Fala Especialista em Motricidade Orofacial e Voz
Kids and Teens – Clínica de especialidades pediátricas, Lisboa
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